domingo, 27 de julho de 2014

Dibiscuit - Arte em biscuit



segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Contos da serra do Ambrósio. (Pedra menina – Rio vermelho, MG).

Naquela manhã fazia frio, ventos insuportavelmente gelados me tiravam a percepção tátil dos dedos, congelavam-me as orelhas trazendo desconforto e ardência no nariz quando tragava os ares daquela montanha. Era julho, ápice do inverno nos vales da região do Jequitinhonha, minha expedição havia pouco mais de uma hora; de repente me via perdido por entre aquela imensidão de areia e arbustos típicos do cerrado. Parei, olhei para aquela imensidão, cuja vastidão é revelada na impotência dos olhos humanos, o frio cortante daqueles ventos logo se tornaria suave na presença de uma de uma doce brisa que se apoderava do meu rosto. Tentei me orientar pela posição do sol nascente, sabia que estava no cume da montanha, pois já conseguia avistar um bosque denso e úmido cuja função era proteger a grande nascente. Aparentemente, atravessar o bosque era uma boa ideia, mas ao fazê-lo notei que corria perigo, em seu interior havia um grande pântano e sua lama escura formada de vegetais putrefatos, aranhas e uma infinidade de micro-organismos, sem falar de um exército de sanguessugas que já me tiravam o sossego, poderia ser meu martírio. Aquelas águas putrefatas já me alcançavam os joelhos, tinha a sensação de que a todo momento havia uma serpente (jararaca d’água), passando por mim, a cisma aumentava  e junto a tensão. Avistei por entre os arbustos terra seca, com algum esforço consegui romper uma parede de “navalha de macaco”, típica vegetação de banhado, (capim com potencial para abrir grandes ferimentos), daí o nome. Tive uma nova surpresa ao alcançar a terra seca, uma vasta área cujo solo estava revirado. Percebi que se tratava de porcos selvagens, talvez caititus, (tipo de porco selvagem possuidor de grandes presas, muito mal humorado e pelas pegadas, se tratava de uma fêmea com uma grande ninhada. Sabendo que na gestação este animal se torna violento, parei novamente para avaliar o que deveria ser feito. Um silêncio inebriante se apoderou do ambiente, nem mesmo o som de uma ave distante podia ser ouvido, tomado de uma cisma incontrolável subi na arvore mais próxima, uma imbaúba branca, tinha habilidade para estas coisas como todo matuto criado no interior. Quando já estava no alto da árvore senti o corpo formigar e literalmente constatei que havia um formigueiro no alto da árvore, uma formiguinha amarela cujo odor não se esquece e cuja picada arde como álcool na ferida, depois vem uma leve coceira no local que se transforma em inchaço e bolhas pelo corpo. Parecia pesadelo, do alto daquela arvore... Continua...